quinta-feira, 7 de julho de 2011

Antigo Diário Sem Regras

      
‘ Naquele domingo de manhã depois do culto resolvi pegar uma carona com Pastor Paulo pai de minha melhor amiga . Então eu e minha amiga subíamos a rua da igreja em direção ao estacionamento rindo como sempre e falando sobre a possibilidade de eu ir ao acampamento de carnaval. Foi quando vi um garoto na esquina da lanchonete que me olhava com fixação. -Achei curioso, pois depois que cortei meu cabelo e o assumi cacheado não tenho chamado à atenção que costumava chamar dos garotos. Eu ainda estava me acostumando com meu novo visual. – De alguma forma meus olhos se puseram nos dele e não se desviaram até que tive que atravessar a rua. Mais que rapidamente perguntei a Evelyn se ela conhecia o rapaz. A amiga contou-me que já tinha o visto por lá, mas que nunca conversou com ele. Fiquei feliz sei lá por que. Talvez seja pela ideia de ter chamado a atenção daquele rapaz e de ele também ter me instigado.
        Quando chegamos ao estacionamento o carro do pai de minha amiga não estava lá e tivemos que voltar para a igreja. Mas o garoto não estava mais na esquina. Já havia ido embora. Meu sorriso se fechou. Por fim encontramos Seu Paulinho e Dona Vânia, entramos no carro. Fui embora encubando à AMIGA de saber mais coisas sobre o rapaz da esquina. No caminho pra casa ele apareceu em meus pensamentos umas poucas vezes, mas até do que deveria.
        Na semana passada antes de ir á igreja eu orei á Jesus e pedi para que Ele me mostrasse mais uma vez quem era esse garoto, pra eu gravar o rosto dele no meu pensamento. Eu me lembrava apenas dos olhos dele naquela tão rápida e ao mesmo tempo intensa troca de olhares. Ao passo que eu gosto de lembrar-me do ‘garoto da esquina’ fico pensando que ele deve ter uma namorada. E é exatamente o que mais me incomoda.
        O próximo domingo tinha chegado e eu iria ao culto. Não acordei me sentindo muito linda, mas vesti uma roupa mais ou menos e pus o pé pra fora de casa. Mesmo eu não me sentindo muito linda, chamei bastante atenção. O sol estava muito quente... Já havia atravessado a avenida depois da estação de metrô e depois de dobrar a esquina abri minha sombrinha para amenizar um pouco o efeito dos fortes raios solares. Por mais incrível que pareça Deus enviou no meu caminho uma moça e sua mãe, para me darem carona. Milagre, vindo em boa hora! Conversei pouco, agradeci a gentileza das duas e desci na frente da igreja. Já na entrada peguei um jornalzinho do dia e adentrei o local á procura de Evelyn... Depois de ter lavado as mãos e subido algumas escadas enfim encontrei Evelyn, Bianca, Breno e Érica. Sentei-me com eles.
        Quem ministrava aquele culto dominical não era o pastor de sempre e sim outro. Pregava muito bem e possuía um censo de humor genuíno. Falar a verdade todos os pastores da Igreja Batista Getsêmani são muito bem humorados, fato pelo qual o culto dificilmente se torna monótamo ou cansativo. Eu particularmente amo assistir aos cultos da minha igreja.
        Voltando a falar do garoto com quem troquei olhares e nem o nome sei... Pedi mais uma vez pra Evelyn me ajudar a descobrir se esse menino tem ou não uma namorada. Como já citei havia pedido a Jesus Cristo na última noite para que Ele me mostrasse esse cara novamente.
         Num súbito, Bianca e Evelyn queriam ir ao banheiro e me chamaram pra ir junto. De início não queria ir depois resolvi acompanhá-las. Quando já estávamos lá em baixo para minha surpresa Evelyn viu o tal garoto da esquina. Cochichou discretamente no meu ouvido – ‘ É ele!’. Eu mais do que depressa fiquei atenta... Passamos na frente dele... Eu era a última na fileira e infelizmente percebi que ele olhou para a bunda da minha melhor amiga. Não gostei nada do que vi e desgostei-me do momento. Evelyn mostrou para Bianca quem era o cara. Quando voltamos passamos novamente na frente do ‘olhador de bundas’. Mantive a mesma posição em que eu estava da primeira vez e desta, ainda bem, não o vi olhando nenhuma outra bunda. Se meus olhos não me enganam acho que ele olhou para mim alguns segundos, normal.     
         Apesar de não estar tão linda naquela manhã eu ainda era uma garota e não era das mais feias e desarrumadas, mesmo com meus cachinhos curtos recebia alguns olhares, oras! Contei pra Vêvé que o dito cujo havia olhado seu bumbum. Sarcástica como é riu e fez piada. Achei engraçado, não muito, mas deu pra rir. Zuei também dizendo que pelo menos homem ele era já que parecia gostar de mulheres avantajadas. O detalhe é que Evelyn não tem muita bunda sabe. Eu até acho que a sua nádega (kkk) é média, mas a amiga não acredita e desmente dizendo que é sem graça. Então o que poderia ter chamado a atenção do garoto para justamente aquela área? Pensamos que pudesse ter sido a cor excêntrica da calça jeans roxa, além do bolso traseiro estar rasgado, bem em cima do traseiro da minha Best. Bingo! Mas calma! O que estava rasgado era apenas o bolso da calça, não a calça em si. Não dava para ver nenhuma parte do corpo da minha amiga. Ufa, né! Senão o menino teria visto e aí sim eu ficaria bem tristonha.
         O estilo de Tia Vêvé, como gosto de chamá-la às vezes, é uma mistura de Rock colorido, Emocore que ainda não se decidiu, Chique despojado e Hippie moderno. É bem confuso, mas é legal e divertido. Combina com a personalidade de minha amiga preferida.
         Ficamos bem inquietas e eu especialmente agitada. Evelyn perguntou à Bianca se ela achava que eu tinha chance. Bianca disse que todos têm chances. Tá né! Vêvé interpretou essa resposta como que eu tinha chance sim com certeza. Eu não estava tão confiante, mas não desistiria sem tentar. Acho que Arriscar poderia ser meu sobrenome. Geralmente não desisto de algo que quero sem antes tentar. Já dizia o dito popular ‘Quem não arrisca não petisca’ ou um mais engraçado ‘Quem não chora não mama’.
         O fato de o ‘ apreciador de calças coloridas’ ter olhado para o bumbum de minha amiga seria um pouco mais entendível se estivéssemos em uma balada, na escola, na rua ou em qualquer outro lugar desse tipo. Entretanto não, estávamos justamente na igreja, na casa de Deus bem no meio do culto. O local estava lotado e pra terminar o ‘garoto da esquina’ estava em pé encostado numa parece. Tudo isso reforça a ideia de que ele olhou para a calça diferente de Evelyn e não para a bunda dela especificadamente. Aliás, depois da bunda da amiga veio a minha que não sei se ele olhou, pois eu estava com jeans normal e era a última. Subimos na galeria onde estávamos sentadas e resolvemos sentar lá embaixo. Não perto do garoto, mas menos longe. Muitas coisas passavam por minha cabeça, o assunto do culto estava bom e o menino não saia da minha cabeça.
         Vou falar um pouco do carinha da esquina. Sei lá porque, mas acho que ele tem cara de André, Bruno ou Fred. Quero saber o nome dele logo. Quero muito muito! Fisicamente, pelo que consegui ver, ele é alto, magro, moreno claro, cabelo preto arrepiado e acho que tem uma elevada quantidade de massa corporal nas coxas e bumbum. Afinal o ‘admirador de bumbuns’ teria que ter algum não é mesmo!  O físico dele me agrada, mas pra falar à verdade o que mais eu gostei foi ele ter me olhado e muito, mesmo eu não tendo cabelo liso e grande. Gostei muito, levantou minha auto-estima. Penso que o cara que gostar de mim tem que gostar do jeito que sou. Parece que o ‘Garoto da esquina’ gosta de coisas diferentes. Tomara aí seremos dois. Vou amar fazer parte desse grupo com ele.
        Quanto mais o tempo passa mais me preocupo. Mais tempo passando mais tempo com o menino anônimo aqui na cabeça. Sei que corro um enorme risco de esse garoto ter uma namorada e eu ficar muito decepcionada. Por isso mesmo mais que quero, necessito saber se ele está solteiro. Tenho ficado tímida com o passar do tempo então, não me atrevi a olhar se havia alguma aliança no dedo do carinha. Desejo responder minhas perguntas o mais rápido que eu consegui. O mais rápido que Deus me permitir. Pedi ajuda ao meu Mestre e sei que Ele me ajudará.
         Esse último domingo eu fui ao culto. Estava esperançosa de encontrar o ‘garoto da esquina’, porém infelizmente não foi desta vez. Usei uma calça bem clara que me deixa com o bumbum grande. Sei lá né, se o carinha gosta de bundas, talvez olhasse pra minha. Gozações à parte eu tenho fé que Jesus me ajudará. Afinal só Ele poderá me dar uma mãozinha nessa.  Melhor uma maozona. Já que esse menino insisti em ficar nos meus pensamentos, que eu enfim descubra alguma coisa dele. Mal sei da aparência, mas me lembro perfeitamente daquele olhar, dos nossos olhares se cruzando. Foi tão bom ao passo que rápido, intenso, diferente, estranho, instigante.
        Essa semana eu fui num culto dos adolescentes no sábado. Acho que o ‘menino da esquina’ faz parte desse grupo, mas eu não o vi. Chamei atenção de muitos meninos, porém não vi o garoto. Acho que acabo de descobrir que não tenho capacidade para saber ainda quem é ele. Não sozinha. Evelyn, não foi comigo. Agora é torcer para que minha amiga ir comigo da próxima vez e eu ver o rosto desse cara de uma vez. Aí guardarei o rosto dele na minha mente e não terei mais que ficar amolando a pobre da Vêvé. Deus me ajuda a descobrir logo? Obrigada!'

BY.: Sophia Torres Pimental do Livro Olá Platônico*
 – Fernanda Tomaz
Esse Fragmento não será publicado no livro uma vez que não faz parte dele.
Qualquer comparação é Mera coincidência kk

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